terça-feira, 19 de maio de 2009

O passado morreu



Faz-me acreditar que estou aqui, acordado, nesta noite, nesta manhã… Acordo e ressuscito neste dia de Inverno e sinto que não estou cá… Sinto que abandonei o corpo que me aprisionava…
Não estou cá… Nem tão pouco aí… Morri esta manhã…Ilusão de amar, ilusão de querer e não poder, nem ter… É capaz de ter sido um dia… Amor… Onde? Não aqui…
O vento sopra a leva consigo as lágrimas. Está morto, o tempo… Tenho de caminhar… A estrada é longa e poeirenta… Deserta… Arrasto a mão na direcção do mar salgado e enxugo os sonhos perdidos… Apresso-me olhar em frente. Não está ali nada. Não sou nada sem mim. Junto-me! Desespero… Faz sol… Queimo os lábios que outrora beijaram utopias…Tento ver o fim à estrada… Deito-me… Levanto-me… Deixo-me ir… O tempo parece agora tão despreocupado. Quem fui? Quem sou?
Possuí tudo e agora? Gasto o resto do tempo? Tenho crédito na angústia? Tenho saudades de… Saudades de viver. Não sei…
Tento mais uma vez sorrir. Tento mais uma vez perder a recusa em viver. Dou tudo de mim para voltar a sorrir, para voltar… Apenas para cheirar a fragrância que me acarinhava… Apenas e só para simplesmente tocar no veludo negro… Tocar…
Rasgo de soslaio um pedaço de papel… Escrevo-me… Louco! Recebi um pedaço de vida… Eternidade, melancolia… Ausento-me uma vez mais… Desta vez escondo-me em mim. Queima-me… Está frio… Estou frio… Lembras-te de mim? Sussurro-me… Olho e penso: "Somos a estrada que insistimos em percorrer". Olho e volto a olhar...