terça-feira, 15 de julho de 2008

Passagem




Chora o desespero, chora por lembranças, chora por não poder voltar atrás. Passado… Ficaste aí, perdido, oculto… Semeado numa corrente de pensamentos. Filosofias estragadas, corroídas pelo tempo. Sinto os pés descalços em mármore tosca… Sinto? Será que não é a pedra que me sente? Sento-me e esqueço! Fecho os olhos que sempre estiveram por abrir! Sorrio… Choro… Multi-sensações criadas em mim. Criaram-nas… Abatam-nas… Esqueci-me do significado de caminhar para longe de tudo… Longe de todos… Longe de mim. Caminhar para longe de um futuro que chegou! Quem era eu? Quem sou eu?

Retratos rasgados em sensações… Infinito… Lava-se aquele cheiro…

Cheiro de recordações… Mais… Pó diluído em retratos… Amarelo! Tempo! Recorda! GRITA! Sufoco!!! Extremos que se tocam… Ruas que se cruzam… Por onde andei durante este tempo? Espaço… Espaços…

Sou eu novamente… Sou aquele que não era. Sinto-me bem… Encontrei-me, não que alguma vez me perdesse, ou que andasse perdido, mas poderia perder… Não a mim, mas a alguém… Se calhar a mim também. Mas se me perdesse quem me encontraria? Eu? Tu? Encontrei-me!!! Encontraste-me! Não me sinto perdido…Não sou eu? Sou eu, mas não perdido, ou talvez perdido e despido de sensações alucinantes que me cavam prazeres… Sou eu!!! Transformação única de lugares… Sento-me… Apaziguo o olhar… Olho agora para trás… Já foi! Olho em frente… É agora!!! Agarro aquele calor...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Nunca mais hoje!

Só se perde no plano físico alguém quando assim se deseja. Nem hoje, nem ontem, nem amanhã...! Perder é esquecer. Hoje poderia dobrar a memória e retorcer espelhos vazios na essência de anteontem. Repeli sonhos em linhas distantes... Hoje sentei-me e esperei que a vida espreitasse pela gotícula de uma folha... Imaginei que a vida e a morte sorriam e queriam soltar as amarras da imaginação... A minha imaginação... A imaginação que perdura dia após dia. E mais uma vez a imensurável questão: Quem sou eu? E mais uma vez respondo, não só hoje, mas sempre, que sou alguém dentro de um corpo que é meu... Memórias... Definição de um passado pouco, muito ou nada recente! Espera que se aproxime... Rebusca as linhas ténues que separam o ontem! Memória em espelhos de ontem! Gosto muitas vezes de olhar para lá... Sorrir e acima de tudo compreender que a evolução está presente! Ontem fui senhor de um futuro que é agora presente... Sou o presente de um particípio passado! Gosto da melancolia... Passado e presente unidos! Sinto o seu bafo quente... Bate-me levemente... Lacrimeja sal que me sorri apaixonadamente outros sabores... Outras vidas... Outros tempos que dificilmente voltarão a aparecer! Vive e sobrevive... Sê tu próprio...

Um outro hoje!

Hoje rasgou-se não só uma almofada, mas rasgou-se também um sonho encaixado no tempo! Rasgou-se umas quantas aliterações, porque a harmonia, dá-me muitas vezes, dores visuais! O tempo... O passado parece que nos pode vir assaltar, entrar na memória (se é que alguma vez de lá saiu!) e rasgar lágrimas onde outrora houveram sorrisos. O passado assalta o presente para rapidamente se tornar passado novamente! Desencrava-se um olhar rumo ao passado! Não se evita o regresso, pensamentos bloqueados! Quero o futuro! Exijo!!!! Mas que exigências tenho eu??? O tempo cobre-me e hoje, mas só por hoje, apetece-me chorar... Não lágrimas, mas outra coisa qualquer... Apetece-me estar onde não estou... Carrego em mim a nostalgia. Onde estás futuro? Arromba-me a vida, arromba-me o presente e hoje torna-se também ele o meu passado!!! Sento-me mais uma vez... Espero... Espero... Hoje... Hoje vale a pena lutar! Construção e não construção do passado! Hoje e Ontem em contacto com o amanhã... Lanço uma pedra ao futuro e aponto para além... Sempre para mais além...

Novamente, hoje!

Mas hoje ninguém vive... Escrevo o Hoje e já é Ontem... Passado! Recente, mas passado! As lágrimas podem perder-se para o infinito, mas deixam sempre a sua marca, boa ou má, mas deixam sempre uma marca, a marca... A tua vontade de chorar prende-se e liberta-te... Antagonismo presente cada vez que choras... Deixa o pensamento voar e ser livre de poder morrer... Sim... Os sonhos também morrem... Dizia que não, mas estava errado... Os sonhos morrem, assim como Hoje... Avé à sua lápide... Hoje é mais um ontem...Só por hoje existir ontem, já valeu a pena viver... Vivo e intensifico as vivências... Cheira à saudade que insiste em bater à porta. Estrondoso!!! A saudade é como os sonhos... Também morre! Vou-te enterrar amanhã, para hoje poder viver o meu ontem... Hoje já valeu a pena... Hoje despertas... Caminhas sentado no balanço inquietante dos ponteiros de um qualquer relógio. Tremes e sentes que o tempo passa. Nunca outrora viverás o mesmo acontecimento. Ponderas se vale a pena o tic tac diário... Valerá? A melancolia desce de uma forma abrupta, quando nos deparamos que Hoje já é Passado! Os anos passam... Mas os sorrisos e as lágrimas marcaram esses anos... Essas horas... Esses minutos e segundos... A vida, a morte... Sempre lado a lado. O Futuro mora já aqui ao lado. Estica-lhe a mão da ponderação e deixa-o chegar com a suavidade característica de cada indivíduo... O Futuro não morre, mas tu morres! Hoje e agora! Aqui! Pondera e sonha... Sonha sempre... Ou quase sempre! Hoje e ontem podem significar o teu amanhã...

Morreu o olhar!

Morreu o olhar que se passeou pelo negro... Pelo belo negro diria. MORREU e não fui ao seu enterro, ao seu funeral. Ontem fiquei perdido a olhar para o alto da colina. Cheirei o perfume do amanhecer à revelia da bela noite... Cheirei e sorri. Um barco que navega na lágrima entorpecida pela velocidade... Lágrima que não é minha, mas é de alguém... Alguém que desapareceu... Como a noite!

Hoje - 1

Hoje é o meu ontem… O meu amanhã perdido que é Hoje e volta para ontem… Hoje… Hoje apetece-me recordar o que outrora fui... O que pensava outrora que não iria deixar de ser… Pensava que pensava que tudo não era nada e que os limites eram para ser quebrados… Partidos em pequenos estilhaços, ainda fragmentados e reduzidos a pouco mais que pó… Hoje foi… Hoje é… Apagou-se o rasto de uma coisa qualquer... A perseverança fugiu-me… correu… Ausentou-se para voltar mais tarde… nunca… hoje ainda… Sonhei que estava aqui e ali… Sonhei que era um em tudo… em todos… perdi o cheiro… doce… as minhas pupilas gustativas perderam o licor … licor embebido em cortiça… dizem que o meu corpo é cortiça… Escapou mais uma vez a vontade de sorrir… noite escura que me arrastas na tua lucidez… quanto de mim e quanto de ti e quanto de nós não estaremos já ébrios de tanta alegria… sou e não sou mas penso que o pensar de mim talvez o seja... não sei... eu sou… melancólico… saudosista... dependente das minhas memórias... passadas... todas elas são passado... suplício que insiste em afagar-me o corpo… soltei as amarras da imaginação, sem nunca ter imaginado que haveriam tais coisas… ou por menos nunca haveria de imaginar. Não sei se o que digo poderá ser mentalmente esculpido por pensadores que se auto-intitulam de… de… de qualquer coisa menos daquilo que realmente são… Sou um caçador de devaneios. Caço e não como... caço e saboreio... perco-me na fácil tentação da carne... nunca em pecado pois o pecado… o pecado não existe… Não como tu o conheces… não como vós o conheceis… torno-me irascível se pensar em carne… essa carne que adoro... que sigo com o meu olhar... Íris… Volta à realidade… VEM!!! Segue o teu dono… Perde-te em mim… Contempla o que melhor e de melhor existe em e de mim... Se eu voltar de madrugada? Perco o cheiro adocicado da manhã… do despertar da vida… Não… Fujo para voltar ao ponto de partida… ao ponto de chegada... ao ponto de um início ou de um fim... somente… fujo para chegar a ver o sorriso despontar de uma noite… calma… sossego… tranquilidade… DESESPERO porque acaba em mim o que se inicia em ti… rastos de cinza nos cigarros que outrora fumei cobrem o meu desesperado alento de estar... Apenas estar... acto reflectido nas minhas pernas… Eu estou... Tu estás… Alguém está… corre uma lágrima no cinzento que perfura a mente e ecoa com violência… Fui beber cantigas de embalar… Apaguei as janelas despertas por necessidade… Utopia em sinal de significado sem significante … Volta ao nada… Volta ao ZERO… Absoluto… tendencioso para ser sempre constante a todas as horas… Bocejo… vou partir… não sei... Vou-me... talvez… Memórias…. Pedaços… Fragmentos de uma vida… Sorri amigo... Sorri cada vez que recordas que caminhas para a morte… És chama e calor… Sou... És… Sou não mais uma vez, mas sempre a mesma vez… Anos envelhecidos como a casca de uma árvore… veias… sangue que correu... que corre... que não esquece… Sou constantemente assaltado… reticências bruscas que adivinham algo mais… algo menos... ALGO!!! Grito… Grito mudo… Um acto de inequívoca vontade de navegar nas lágrimas que transportam um passado recente… Como costumo dizer: - Quem sou eu? Sou alguém dentro de um corpo que é meu… Sou alguém que ainda sente…. Não perco a noção de ser… de estar... Sou e sei ser e sou-o muito bem… sou homem e sonho com a liberdade… O alcance da imaginação acaba na morte dos sonhos… Os sonhos morrem?

Pensamento Avulso

A vida dá??? Dá que pensar e eu sou um pensador. Se muitos SEs tivessem acontecido a vida não tinha qualquer poder... Somos humanos. As condicionais são meros acasos... Esta é a vida que nos vai fugindo por baixo dos pés. Corremos, mas nunca fugiremos da vida... O importante é vivermos... Seguir em frente com um sorriso nos lábios, sempre de encontro ao vento...