quarta-feira, 2 de julho de 2008

Hoje - 1

Hoje é o meu ontem… O meu amanhã perdido que é Hoje e volta para ontem… Hoje… Hoje apetece-me recordar o que outrora fui... O que pensava outrora que não iria deixar de ser… Pensava que pensava que tudo não era nada e que os limites eram para ser quebrados… Partidos em pequenos estilhaços, ainda fragmentados e reduzidos a pouco mais que pó… Hoje foi… Hoje é… Apagou-se o rasto de uma coisa qualquer... A perseverança fugiu-me… correu… Ausentou-se para voltar mais tarde… nunca… hoje ainda… Sonhei que estava aqui e ali… Sonhei que era um em tudo… em todos… perdi o cheiro… doce… as minhas pupilas gustativas perderam o licor … licor embebido em cortiça… dizem que o meu corpo é cortiça… Escapou mais uma vez a vontade de sorrir… noite escura que me arrastas na tua lucidez… quanto de mim e quanto de ti e quanto de nós não estaremos já ébrios de tanta alegria… sou e não sou mas penso que o pensar de mim talvez o seja... não sei... eu sou… melancólico… saudosista... dependente das minhas memórias... passadas... todas elas são passado... suplício que insiste em afagar-me o corpo… soltei as amarras da imaginação, sem nunca ter imaginado que haveriam tais coisas… ou por menos nunca haveria de imaginar. Não sei se o que digo poderá ser mentalmente esculpido por pensadores que se auto-intitulam de… de… de qualquer coisa menos daquilo que realmente são… Sou um caçador de devaneios. Caço e não como... caço e saboreio... perco-me na fácil tentação da carne... nunca em pecado pois o pecado… o pecado não existe… Não como tu o conheces… não como vós o conheceis… torno-me irascível se pensar em carne… essa carne que adoro... que sigo com o meu olhar... Íris… Volta à realidade… VEM!!! Segue o teu dono… Perde-te em mim… Contempla o que melhor e de melhor existe em e de mim... Se eu voltar de madrugada? Perco o cheiro adocicado da manhã… do despertar da vida… Não… Fujo para voltar ao ponto de partida… ao ponto de chegada... ao ponto de um início ou de um fim... somente… fujo para chegar a ver o sorriso despontar de uma noite… calma… sossego… tranquilidade… DESESPERO porque acaba em mim o que se inicia em ti… rastos de cinza nos cigarros que outrora fumei cobrem o meu desesperado alento de estar... Apenas estar... acto reflectido nas minhas pernas… Eu estou... Tu estás… Alguém está… corre uma lágrima no cinzento que perfura a mente e ecoa com violência… Fui beber cantigas de embalar… Apaguei as janelas despertas por necessidade… Utopia em sinal de significado sem significante … Volta ao nada… Volta ao ZERO… Absoluto… tendencioso para ser sempre constante a todas as horas… Bocejo… vou partir… não sei... Vou-me... talvez… Memórias…. Pedaços… Fragmentos de uma vida… Sorri amigo... Sorri cada vez que recordas que caminhas para a morte… És chama e calor… Sou... És… Sou não mais uma vez, mas sempre a mesma vez… Anos envelhecidos como a casca de uma árvore… veias… sangue que correu... que corre... que não esquece… Sou constantemente assaltado… reticências bruscas que adivinham algo mais… algo menos... ALGO!!! Grito… Grito mudo… Um acto de inequívoca vontade de navegar nas lágrimas que transportam um passado recente… Como costumo dizer: - Quem sou eu? Sou alguém dentro de um corpo que é meu… Sou alguém que ainda sente…. Não perco a noção de ser… de estar... Sou e sei ser e sou-o muito bem… sou homem e sonho com a liberdade… O alcance da imaginação acaba na morte dos sonhos… Os sonhos morrem?

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